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3 de março de 2022

Campanha da Fraternidade 2022

Vamos refletir sobre educação?

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Eder D’Artagnan

Estamos vivendo novamente um tempo fundamental na vida dos cristãos. A cada ano, a Quaresma nos recorda o quanto a oração, o recolhimento e a solidariedade são essenciais na vida dos discípulos e discípulas de Jesus. Esse tempo nos lembra também que a conversão é uma tarefa permanente, pois nosso discipulado é dinâmico e sempre podemos crescer mais, integrando nossa inteligência e coração na fidelidade à vida e aos ensinamentos do Mestre de Nazaré. Por isso relembramos na Quaresma o tempo que Jesus passou no deserto, em jejum e oração, preparando-se para inaugurar o Reino de Deus na Terra. A vida de Jesus anuncia a Boa Notícia de uma sociedade nova, igualitária e fraterna, que ainda estamos por construir.

Nesse sentido, a Campanha da Fraternidade (CF) traz um tema para nos ajudar a refletir sobre como nós, cristãos, nos fazemos presentes na sociedade contemporânea e damos continuidade hoje à missão de Jesus. Em nossas escolas, a CF norteia as ações educativas, pastorais e solidárias desenvolvidas ao longo do ano, e em 2022 somos convidados a refletir amplamente sobre a educação que temos e a educação de que necessitamos para formar pessoas mais inteiras e humanas em todas as suas dimensões e relações. Educação não se restringe à escola formal, mas o espaço-tempo escolar é fundamental na formação dos cidadãos, especialmente crianças, adolescentes e jovens. Ali nos damos conta de que somos seres de relações: não vivemos sozinhos e nos educamos na convivência e na interação com diferentes pessoas e ambientes. Além disso, há uma conexão inevitável entre nossa própria vida, a vida em sociedade e a vida do planeta: o que acontece em nosso entorno e no outro lado do mundo nos implica igualmente. Como nem sempre temos essa consciência, precisamos nos educar para essa interdependência, aprendendo a cuidar uns dos outros e da nossa casa comum.

O Papa Francisco nos lembra, no Pacto Educativo Global, que a educação de uma criança demanda os esforços de uma aldeia inteira: toda a comunidade educativa, com seus diferentes sujeitos, contribui no processo de educar. Também destaca o potencial transformador da educação e da escola na busca de soluções para os graves problemas do mundo contemporâneo. Se a educação por si só não transforma o mundo, por meio dela as pessoas podem se tornar mais humanas, e essa humanização é fundamental para desenvolvermos a empatia para com os outros, reconhecermos nossa pertença à comunidade planetária e comprometermo-nos com a urgente tarefa de construir um mundo mais justo, solidário e sustentável.

Esta Campanha da Fraternidade problematiza a educação como tem sido e a educação de que o mundo precisa hoje, apontando a necessidade de mudanças estruturais no sistema educativo e na sociedade. Temos testemunhado as consequências de propostas educativas que formam pessoas competitivas, autocentradas, individualistas, focadas somente no bem pessoal, incapazes de empatia, alheias às dores e sofrimentos dos outros seres vivos, indiferentes às consequências de suas opções pessoais sobre o entorno social e o planeta. Precisamos mudar a chave desse estilo de vida e de sociedade, repensar os valores vigentes e entender nosso papel nessa mudança. Que será do mundo, de nós e de quem vier depois de nós, se não começarmos agora o esforço por uma conversão pessoal e transformação social?

Santo Agostinho acreditava que construímos a Cidade de Deus enquanto construímos a cidade humana. Essa nova Cidade não depende somente de nós, comunidade educativa agostiniana, mas nos convoca a construir perspectivas de futuro melhores para toda a humanidade, a partir do espaço-tempo escolar. Então, vamos acolher a proposta desta Quaresma e desta CF? Isso significa refletir sobre educação e agir para que seja transformadora e forme seres humanos melhores, mais solidários e fraternos, cidadãos globais, agentes de transformação do mundo contemporâneo, discípulos e discípulas de Jesus. Falar com sabedoria e ensinar com amor (cf. Pr 31,26), para que a alegria da Páscoa frutifique ressurreição e vida nova para toda a humanidade!

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